NOVO CAPÍTULO: Secretaria de Habitação de Cachoeirinha busca em Brasília mais uma fase do programa Compra Assistida
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A vida de Laíde Moura da Silva foi drasticamente transformada pelas enchentes de maio de 2024. Moradora do bairro Meu Rincão, ela perdeu tudo na rua Cipó — sua casa, seus pertences e a estabilidade emocional. No entanto, a esperança voltou com a inclusão no programa Compra Assistida, que permite a aquisição de imóveis de até R$ 200 mil para famílias atingidas por desastres naturais.
“Perdi todos os móveis, meus documentos, mas agora estou tranquila na minha casinha. Não preciso mais me preocupar”, relata, com os olhos marejados, agora morando na rua Suíça, bairro Nova Cachoeirinha.
Laíde faz parte dos beneficiários da iniciativa Minha Casa, Minha Vida – Reconstrução, administrada pela Caixa Econômica Federal. O programa atende famílias com renda de até R$ 4.700, permitindo a compra de imóveis novos financiados pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), com total apoio do governo federal.
A história de Maricelia Abreu Brum (na foto, de vestido escuro) também é de superação. Hoje cercada por móveis e eletrodomésticos no bairro Moradas do Bosque, ela relembra o difícil período que enfrentou.
“Fiquei sem nada depois da enchente, foi uma fase muito difícil. Mas graças ao Compra Assistida consegui minha casa e estou reconstruindo minha vida. O lugar é ótimo, bem tranquilo. Minhas irmãs também foram contempladas e estão esperando só as chaves”, conta, sorrindo.
Buscando ampliar o alcance do programa, a secretária municipal de Habitação de Cachoeirinha, Neka Fagundes, esteve em Brasília em junho para solicitar uma nova fase do Compra Assistida junto ao governo federal e à Caixa Econômica.
“Pedimos a reabertura de prazos para atender mais pessoas. Muitos não acreditaram que o programa fosse real e, mesmo após um ano da tragédia, há quem ainda precise de ajuda — inclusive famílias que só agora retornaram para suas casas”, explicou Neka.
Até o fim de 2024, a secretaria havia encaminhado 103 solicitações à Caixa, das 165 recebidas. Algumas foram indeferidas após avaliação. O processo envolveu cadastro, inspeção técnica e análise dos danos. Se a casa fosse considerada imprópria para moradia, o caso era enviado à Caixa. O programa não exige contrapartida financeira do beneficiado, já que o valor do imóvel é coberto integralmente pelo governo federal.
As áreas mais afetadas em Cachoeirinha foram os bairros Meu Rincão, Parque da Matriz e regiões próximas ao acesso pela avenida Assis Brasil, na divisa com Porto Alegre.
Perspectivas
De acordo com a SMH, ainda é incerto quantos novos pedidos poderão ser registrados, pois isso depende da reativação oficial do programa por parte da União. No entanto, a demanda local ainda é significativa.
“Temos 40 pessoas cadastradas que ainda não foram contempladas. Os dados estão conosco e foram repassados pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMCAS)”, detalhou Neka. “As reuniões em Brasília foram bastante promissoras. Fomos informados que a Casa Civil está discutindo com o presidente Lula a viabilidade de uma nova etapa”, complementou.
Um dos retornos mais relevantes da visita à capital federal veio de Ademar Lopes da Silva Junior, coordenador de Habitação e Ações de Reconstrução na Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), órgão do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
“Apresentamos nossas ações no município, como as obras de drenagem e melhorias em bueiros conduzidas pela Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos (Smisu). Isso pode abrir caminho para uma visita da equipe técnica da Sedec, fortalecendo nosso pleito”, afirmou Neka.
Até agora, 14 famílias já receberam as chaves de seus novos lares por meio do Compra Assistida. Outras 34 estão em processo de aquisição, entre seleção de imóvel, trâmites com imobiliárias e validação pela Caixa. Além disso, há os 40 cadastros pendentes, já processados pelo município, que aguardam decisão federal.
Os beneficiários já aprovados, mas que ainda não definiram seus novos endereços, têm até o dia 31 de agosto para escolher um imóvel. O prazo foi estendido por mais 60 dias pelo Ministério das Cidades. Assim, novas histórias de superação como as de Laíde e Maricelia ainda podem ser escritas.